quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Repetência em discussão: Estudando um caso

A reprovação é um tema de bastante polêmica e é o que será tratado neste momento.
Reprovar um aluno talvez não seja a melhor opção, pois cada um tem o seu momento de aprendizagem e talvez para aquele aluno não aprender certo assunto em um respectivo momento, reprovar o mesmo não é a maneira mais correta de dizer a ele que em uma ano ele não aprendeu nada, com isso, juntamente com uma aluna do mesmo curso, Isabelle Louback, fizemos essa entrevista com um estudante que já sofreu essa consequência.
Segue a entrevista com o mesmo.         

1 - Lucas, foi reprovado uma única vez?
Resposta: "Sim, uma só vez."

2 - Que série estava cursando?
Resposta: "Estava na 7ª série."

3 - Agora está no 2º ano do Ensino Médio, não é?
Resposta: "Isso."

4 - Você consegue entender os motivos que causaram a sua reprovação? O que te levou a ser reprovado?
Resposta: "Eu acho que os motivos foram a minha falta de interesse e a raiva ue os professores tinham de mim. Eu não gostava da escola, nem dos professores, nem do tempo que eu passava lá. Eu ia obrigado. Odiava estudar."

5 - Você não fazia os trabalhos, provas, exercícios de casa?
Resposta: "Não, eu não fazia nada. Ia só pra zuar com os meus amigos mesmo."

6 - Por que você não gostava da escola e nem do tempo que passava lá?
Resposta: "Nenhum professor gostava de mim, eles me achavam muito bagunceiro e mandavam eu ficar quieto na aula. Me expulsaram de sala várias vezes."

7 - Como você se sentia com isso? Como reagia?
Resposta: "Eu ficava com muita raiva, porque eu não queria ficar calado na aula, sabe? Eu não gostava de estar lá, era horrível pra mim. Minha professora de português, por exemplo, a Dona Marlene (nome fictício), falava que eu era o pior aluno da turma e que era doida pra se livrar de mim. Ela falava que não ia me aceitar na turma no outro ano. Aí, só de raiva, eu não fazia nada dela, não respeitava mesmo."

8 - Essa falta de atenção só porque você era bagunceiro, fez com que você ficasse com tanta raiva que decidiu largar de mão?
Resposta: "Sim. Não queria mais saber de nada."

9 - Quando foi reprovado, como se sentiu?
Resposta: "Na verdade, eu já sabia que ia ser reprovado pelo que falavam, mais mesmo assim eu fiquei muito triste e com muita vergonha, porque eu vi todos os meus amigos indo pras outras turmas e eu fiquei na mesma. Só encontrava com eles na hora do intervalo e tive que estudar com pessoas mais novas que eu. Eu era muito zuado por isso."

10 - Como seus pais reagiram? Eles souberam assim que você soube ou você só contou depois?
Resposta: "Eu escondi o boletim deles, mas a minha mãe pediu pra ver porque ela já sabia que estava comigo e quando ela viu, ficou com muita raiva, me deixou de castigo, chorou e tudo. Foi tenso."

11- Eles acompanhavam como você estava se desenvolvendo na escola? Iam as reuniões de pais? procuram saber o que estava acontecendo ou eram desligados em relação a você como aluno?
Resposta: "Eles perguntavam de vez em quando, não participavam muito não, mas eu até gostava disso, porque tinha menos pressão em cima de mim, né?"

12 - E que lição você tirou disso? A reprovação, pra você, serviu como incentivo pra ser um aluno melhor ou só te deu mais raiva da escola de um modo geral?
Resposta: "Olha, pra mim, serviu como mais um motivo pra ter raiva de tudo, porque mesmo sendo super bagunceiro, eu não queria reprovar, mais fiquei com muita raiva quando eu fiquei sabendo que os professores me odiavam. É muito ruim saber que os professores ficam falando mal de você e ficam doidos pra você sumir. Isso me marcou demais. Hoje, eu sou um aluno melhor, faço os trabalhos, provas, alguns exercícios, alguns (risos), mas eu só mudei porque eu mudei de escola e essa escola que eu estudo agora eu não odeio, eu gosto de alguns professores, dos meus amigos. É bem melhor. É outra coisa."

(Entrevista realizada com um aluno que já passou pela experiência de ser reprovado. Seu nome foi modificado para conservar a sua identidade em sigilo a pedido do próprio.)

Percebe-se que reprovação, é sim um assunto delicado e bem polêmico, levando em consideração que é um dos métodos mais usado por escola, cujo aluno não foi, talvez ensinado de maneira que o mesmo consiga absorver tais conhecimento ou então não foi capaz de aprender tal assunto em tal momento, mas isso de modo algum quer dizer que ele teve um ano e não conseguiu, reprovar talvez seja isso, dizer ao próprio aluno que ele não foi capaz.
Isso é algo para refletir !!!



Um comentário:

  1. O relato exposto na entrevista dada pelo aluno, reforça o desinteresse que podemos detectar em alguns educandos. A culpa pelo desinteresse é do aluno? A escola busca proporcionar a este aluno um ambiente propício ao desenvolvimento? Infelizmente a resposta a essas perguntas é não. Escola e metodologia de ensino estão em um processo defasado. Muitos pensadores entre ele podemos destacar um dos primeiros a trabalhar com este conceito Ausubel (1968) defendia a ideia de que a escola deveria adotar a aprendizagem significativa, que se resume em ensinar ao aluno conteúdos que sejam relevante a ele, adaptando as ações curriculares ao que realmente faça sentido para ele, que estejam arraigados de significado, que partam do que o aluno já sabe, para daí então construir novos conceitos.Buscar um significado aos conteúdos apresentados no currículo escolar é em muitos casos desmotivante, pois, o aluno não vê no conteúdo curricular algo que lhe chame à atenção, que lhe inspire afeto, sentido significado, motivando-o a prosseguir.

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